O Rastro do Tempo / The Trail of Time
O tempo é um guerreiro habilidoso. Escorre entre os dedos, escapa às armadilhas mais sutis e se lança em todas as direções. Confisca tesouros, ofusca belezas, desfaz paixões e turva o reflexo das almas. O tempo, todo poderoso senhor da existência, tem a seu favor a finitude alheia; quem poderá lhe fazer frente? O tempo é hoje mais implacável e paradoxalmente mais “escasso”: ganha asas e voa em ritmo acelerado nos céus das grandes metrópoles. Aqueles que buscam dominá-lo, se tornam dele prisioneiros. A parafernália criada nos últimos séculos como tentativa de calcular o tempo para medir-lhe distâncias; estocá-lo; retardá-lo; flexibilizá-lo e enquadrá-lo é vã. As revoluções tecnológicas e a sociedade da informação não diminuíram a angústia dos homens presos a sua teia e ávidos por conquistá-lo mediante redes de conexões complexas. A verdade é que o homem não consegue lidar com o tempo de maneira satisfatória. A “falta de tempo” é um dos maiores sintomas do colapso de uma civilização que avança sem saber porque e para onde, numa corrida fadada ao fracasso. Isso somos nós.
Time is a skilled warrior. Runs through the fingers, escapes the most subtle traps and launches itself in all directions. Confiscates treasures, overshadow beauties, undoes passions and muddies the reflection of souls. Time, all powerful lord of existence, has in its favor the other’s finitude; who can face it? Time is now more ruthless and paradoxically more "scarce": gains wings and flies in accelarated rythm in the skies of large metropoles. Those who seek to dominate it, become its prisioners. The paraphernalia created in recent centuries as an attempt of calculating the time to measure distances; to stock it, to retard it, to make it flexible and to frame it, is vain. The technological revolutions and the society of information did not diminish the men’s anguish trapped on its web and eager to conquer it through networks of complex connections. The truth is that the man can not handle the time satisfactorily. The ‘lack of time’ is one of the biggest synthoms of the collapse of a civilization that moves forward without knowing why and where, in a race doomed to failure. This is us.